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A coluna "Modo de Ver" foi publicada semanalmente no jornal Correio de Uberlândia de janeiro de 1996 a dezembro de 2016. A partir de 2017, os textos passaram a ser publicados no Diário do Comércio de Uberlândia.


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24 de Novembro de 1995 Alexandre Henry

Os bons velhinhos do rock

A voz parece incansável e não há como confundi-la entre as milhares que gostariam de chegar aonde ela está. O velho Mick continua em alta, apesar de já não poder disfarçar a idade marcada pelas rugas em seu rosto. Ele não está nem aí: sobe no palco, solta a voz, requebra, dança, grita, corre de um lado para o outro e faz inveja a muito roqueiro de Seattle (saudades do Kurt!), a cidade que nos últimos anos detonou uma enxurrada de novas bandas, inaugurando a agora decadente era grunge.

Quando eu nasci os Rolling Stones estavam na estrada há muito tempo e já eram reconhecidos como uma banda lendária, imortalizada não só pelas suas próprias canções como também por grandes homenagens. Alguém se lembra da musiquinha relançada no começo da década pelos gaúchos dos Engenheiros do Hawai? Aquela mesmo, do garoto que "amava os Beatles e os Rolling Stones"! Agora a banda de Jagger e do simpaticíssimo vovô Wattson criou coragem e cantou uma dessas homenagens feitas especialmente para ela. Like a Rolling Stone, do também lendário Bob Dylan, está aí nas paradas e é a prova de que o grupo está mais vivo do que nunca.

Eu estou falando de tudo isso só para comentar o "regresso" do maior mito da música pop/rock (ao lado da banda de Jagger, é claro) de todos os tempos: os Beatles. Eu também não vi os garotos de Liverpool cantando ao vivo, mas pelos comentários e por tudo que vi e ouvi em gravações deu pra perceber que os caras eram realmente demais.

John Lennon, Paul McCartney, George Harrinson e Ringo Star, os quatro meninos que começaram tocando em tavernas na Holanda e Alemanha e acabaram conquistando o mundo com suas canções! E quantas não foram as lágrimas quando Lennon declarou que o sonho tinha acabado! "Como? Os Beatles?! Nunca mais?!" Eu até posso imaginar a frustração das pessoas ao saberem que nunca mais ouviriam uma nova canção dos Beatles. Se nós, jovens de hoje, ficamos tristes quando o vocalista do Nirvana deu adeus ao mundo e foi para a cova levando o seu grupo, o que dizer da geração que acompanhou por quase dez anos os Beatles?

Agora os três remanescentes da banda estão aí de novo. Quer dizer, todo mundo está encarando como um retorno, mas os três sabem que não passa de uma reuniãozinha para matar a saudade. Talvez se Lennon ainda estivesse vivo eles encarariam com mais seriedade o regresso. Mas ele não está, foi morto por um de seus cortesãos à porta do famoso Edifício Dakota, e agora não há muito o que esperar. Eles voltaram, gravaram uma ou outra música e logo dirão adeus novamente. O velho Paul sabe que não há mais gás e nem espaço suficiente para eles arrebatarem multidões como faziam nos tempos gloriosos. E já tem muita gente por aí pichando os caras, falando que eles voltaram apenas por causa da grana (os jornais falam em 100 milhões de dólares!).

É verdade, não se pode negar que o dinheiro teve um papel bastante importante nessa jogada, sem ele dificilmente os três se reuniriam novamente. Mas e daí? Isso por acaso atrapalha alguma coisa? Será que o pessoal da antiga não pode ter o gostinho de reviver ou pelo menos relembrar a melhor época de suas vidas? E nós, da nova geração, será que não temos direito de ouvir as músicas do grupo que fez nossos pais dançarem em meio à explosão de rebeldia e liberdade dos anos 60? Que se danem os descon-tentes, eu quero mais é ouvir o velho Paul e os seus eternos companheiros!

Viva Free as a Bird!
Salve Beatles!
Viva a quem nos der vida!

Alexandre Henry - Escritor

* Este foi um dos três textos apresentados ao editor do Correio de Uberlândia, Maurício Ricardo Quirino, como proposta para a criação de uma coluna semanal no jornal.

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