
Nem sempre há um culpado
Muito já se disse sobre termos na atualidade uma geração de supersensíveis, pessoas com uma estrutura emocional muito fraca, sem capacidade para enfrentar as adversidades e extremamente sujeitas a se sentirem ofendidas por qualquer coisa. Eu mesmo escrevi sobre o tema aqui em junho de 2015.
Continuo com a mesma percepção, mas vou além: estamos diante de uma geração que quer achar um culpado para tudo o que de ruim acontece, incluindo os próprios fracassos. Vejo isso diariamente nos pedidos mais diversos de indenizações que me chegam. A sensação que tenho é a de que, se alguma coisa deu errado com a pessoa, alguém tem que pagar por aquilo. Se ela não achar nenhum cidadão ou empresa que pague, então que o governo seja responsabilizado. Em muitos casos, fica nítido que há gente querendo apenas levar vantagem. Mas, em outros, o que eu vejo é gente realmente acreditando que deve receber uma recompensa por ter sido contemplada com o azar. De preferência, claro, em dinheiro.
A questão é que viver não é seguro. Esse é o ponto que a geração supersensível não entende, insistindo em achar um culpado para toda e qualquer desgraça. Quando pequenos, se a boneca cai da janela e se quebra ou se a chuva estraga o brinquedo eletrônico, papai e mamãe acabam dando outro. Só que a vida adulta não funciona muito bem assim e você acaba é ficando sem boneca ou brinquedo eletrônico mesmo, ainda que a culpa do estrago não tenha sido sua. Raios caem, doenças não pedem permissão para entrar e acidentes podem acontecer por conta do acaso, sem que ninguém mova um só dedo para isso. E, quando o vento da desdita tocar o seu rosto já começando a se enrugar, não haverá um anjo protetor para te colocar no colo e te dizer que amanhã comprará outro brinquedo. É, meu caro, a desgraça é mais cega que a justiça. Se a gente der uma forcinha, aí então é que os infortúnios vêm com mais facilidade. Sexo sem segurança, carro sem cinto, seguro vencido, portão destrancado... A lista é infinita. Uma pequena contribuição nossa e o "azar" mostra a sua cara no mesmo segundo. E aí? Alguém tem que ser responsabilizado por isso?
Não, não tem, nem mesmo o governo. Claro, se você pagou a sua conta direitinho e a empresa colocou seu nome no SPC, se o médico esqueceu uma pinça dentro do seu abdômen ou se seu carro foi para as cucuias porque um idiota não respeitou o pare, há caminhos para seu azar ser reparado, ainda que parcialmente. Mas, comece a se acostumar porque nem sempre será assim. Boa parte das tragédias são como o câncer: ou te escolhem aleatoriamente ou chegam depois de você dar uma ajudinha, não abrindo qualquer oportunidade para que você encontre um culpado pelo seu azar.
Alexandre Henry
3 de Junho de 2021 às 15:26
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