
Não comemoro uma morte
Fidel Castro morreu e eu não comemorei. Se você comemorou, eu não te condeno. Eu sei que ele foi um sujeito muito controvertido e que existe uma grande quantidade de pessoas com boas razões para ter um ódio gigantesco dele.
Não, eu não acho que ele foi um grande líder ou que deva ser aplaudido e ter a sua morte chorada por décadas. Li bastante sobre a revolução cubana e estive naquele país em 2012, chegando, assim, a algumas conclusões. Dentre elas, aquela que só reforça o que sempre defendo: não existe ninguém que seja totalmente ruim e ninguém que seja totalmente bom; ninguém só faz o bem, ninguém só faz o mal. Assim foi com Fidel Castro e a Revolução Cubana, ao menos na minha singela opinião. Creio que alguns dos ideais da Revolução eram importantes e nobres. Creio também que o poder acabou revelando facetas das piores possíveis nos líderes do movimento de 1959. Talvez essa tenha sido umas das razões pelas quais não lamentei e nem comemorei a morte de Fidel Castro, embora eu possa dizer que tenho mais críticas do que elogios aos anos em que ele esteve no poder. Aliás, muito mais críticas.
Porém, a razão principal de eu não ter comemorado foi de ordem pessoal mesmo. O mundo já é muito cheio de sentimentos negativos. Se você não tomar cuidado, é muito fácil virar uma pessoa amarga, rancorosa e pronta para o ataque. Nesse sentido, evitar a exposição de sentimentos negativos ou mesmo a permanência deles dentro de si é um exercício difícil, mas necessário, na minha opinião. E é o que tento fazer, nem sempre com o sucesso que eu gostaria. Comemorar a morte de Fidel Castro, a meu ver, não me traria nada de bom. Quando morre alguém que não tem a minha simpatia, acredito que o meu silêncio seja suficiente para dizer da minha relação e das minhas opiniões sobre tal pessoa, já que lamentar a morte de uma pessoa admirada e querida é mais do que natural e esperado. Assim, se você não diz nada sobre a morte de alguém, creio que você já disse tudo e, melhor ainda, sem precisar cultivar sentimentos como o ódio e rancor. Esse meu exercício interno vem desde muito tempo, mas em especial de 2008, ano em que emagreci 12 quilos por conta da perseguição de uma pobre alma contra mim. Só encontrei meu eixo novamente quando entendi que não desejar o mal a ele me fazia bem. Fiz renascer a minha paz desejando a ele um futuro sem tanta amargura e sem aquele desejo dele de perseguir e levar infelicidade a outras pessoas.
Como eu disse, não critico quem comemorou a morte de Fidel Castro. Tudo o que eu disse aqui é o que penso ser válido para mim. Mas, cada um é senhor de si e também a melhor pessoa para avaliar o que faz bem para si mesmo.
Alexandre Henry