
Felicidade na crise
O ano de 2015 foi difícil até para quem não teve problemas na área financeira. Como não ficar deprimido com tanta notícia ruim? Como não chegar ao Natal abalado com o precipício em que o Brasil caiu? Sim, o ano está terminando com um sabor amargo.
Não é fácil. Uma boa ideia de como as coisas estão complicadas é o medo que tenho sentido de, pela primeira vez nos meus vinte anos de serviço público, não receber o meu salário em dia. E olha que eu trabalho no Poder Judiciário, que costuma ser atingido por último. Se eu me sinto aflito, imagine quem não é servidor público e corre não apenas o risco de ter salário atrasado, mas de simplesmente não ter salário? Aí vem dengue, zika vírus, violência em alta, museu pegando fogo, dólar nas alturas e a sensação de que estamos pagando algum pecado. Mais uma vez, eu pergunto: como não ficar deprimido com tanta notícia ruim?
Tem jeito. O grande segredo é se voltar para as coisas simples, que não demandam um único centavo para te fazer feliz. Para não restringir muito, podemos incluir algumas coisas baratinhas, daquelas que, mesmo no meio da crise, você pode ter. Do que eu estou falando? Simples: quanto custa você chegar em casa, depois de um dia difícil, tomar um banho e se sentar com a sua filha pequena para brincar com ela? Quanto custa visitar aquela pessoa idosa que vai ter um dia muito mais feliz depois de tanto tempo de solidão? E se encontrar com a amiga da adolescência para rir das bobagens daquele tempo? Quanto custa? Será que não dá para aproveitar uma dessas promoções de telefonia e fazer uma ligação praticamente de graça para o colega da época da faculdade, com quem você não fala há anos? E pegar aquele livro velho lá na estante, com uma história mágica, para passar a tarde deitado no sofá em meio a uma leitura envolvente? Vamos falar de algo mais atual: deixar de lado ao menos por um dia as notícias ruins e só buscar vídeos engraçados na internet, que preço isso tem?
Eu ficaria muito mais feliz e aliviado se nosso país não estivesse em um momento tão ruim. Mas, não dá para apertar um botão de pausa da vida para aguardar que tudo melhore. O seu tempo é agora e o Natal de 2015 nunca mais vai voltar. Não sou hipócrita de dizer que dinheiro não traz felicidade, pois o simples fato de você não se preocupar com as contas a pagar já é um facilitador de sorrisos. Mas, é possível ser feliz na crise, é possível ser feliz com pouco dinheiro, é possível ser feliz mesmo quando tudo te diz o contrário. Basta você mudar o foco, deixar um pouquinho de prestar atenção nas coisas ruins e se concentrar nas coisas simples, baratas e divertidas. Elas estão aí aos montes, esperando por você. Feliz Natal!
Alexandre Henry