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A coluna "Modo de Ver" foi publicada semanalmente no jornal Correio de Uberlândia de janeiro de 1996 a dezembro de 2016. A partir de 2017, os textos passaram a ser publicados no Diário do Comércio de Uberlândia.


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2 de Março de 2016 Alexandre Henry

Ciclovias

Demorou, mas eu aderi à onda do ciclismo. Foi tanta gente boa conhecida, que vi falando bem do esporte, que comprei uma bicicleta e comecei a encarar a cidade e suas trilhas ao redor. E foi só fazer isso para perceber algo do qual eu já sabia, mas que agora veio em uma intensidade muito maior. Sim, faltam ciclovias em nossa cidade. Aliás, a carência é no país inteiro.

Não vou culpar o prefeito atual ou o anterior por isso. O problema é muito mais antigo e está diretamente ligado à falta de planejamento das nossas cidades, à ausência de consciência ecológica em meados do século passado (quando Uberlândia finalmente deslanchou) e à escolha brasileira pelo transporte motorizado, com destaque para os carros. Todo esse histórico levou à expansão desordenada dos centros urbanos, principalmente no que diz respeito ao não planejamento correto das vias de tráfego. Mais do que isso, o transporte por meio de bicicletas quase sempre foi associado a pessoas de baixa renda, justamente aquelas que não costumam estar no centro das atenções dos políticos, exceto em tempos de eleição. O resultado foram ruas que não comportam nem mesmo os carros e que não oferecem muitas possibilidades de modificação para inclusão de espaço para ciclistas. Só há pouco tempo é que, com a classe média se apaixonando pelas bicicletas, os administradores públicos começaram a pensar em ciclovias. Ocorre que, como eu disse, agora não é tão fácil adequar as cidades a esse meio de transporte saudável e ecológico. Se a conscientização servir para prover ao menos os novos bairros de ciclovias, já me darei por satisfeito, dado o histórico desfavorável dos políticos brasileiros.

Claro, se pensarmos a longo prazo, é possível - ainda que a um elevado custo - tornar a cidade voltada mais para pedestres e ciclistas. A construção de estacionamentos subterrâneos em praças centrais, por exemplo, pode liberar uma das faixas laterais das ruas e avenidas para calçadas maiores e ciclovias. A readequação da malha viária também pode liberar espaço em ruas específicas para as bicicletas. Outra ideia simples é mudar a tributação sobre veículos. Hoje, o imposto aumenta proporcionalmente ao tamanho da cilindrada do motor do carro. É uma política ultrapassada. Para mim, o imposto deveria acompanhar o tamanho do carro. Veículos menores geralmente são mais leves, gastam menos combustível e poluem menos. Mas, mais do que isso, ocupam menos espaço nas ruas, poupando recursos públicos.

Enfim, as mudanças para termos cidades mais humanas e ecológicas não são fáceis, mas há caminhos para avançarmos. Como novo ciclista, esse é um assunto que passou a me interessar ainda mais.

Alexandre Henry

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