
Barack Obama
Para ser sincero, eu acho que eu o admiro desde a primeira vez em que eu o ouvi discursando. Aquela fala calma, bem estruturada e com um grande apoio no bom senso, ao lado da moderação e da inteligência, conquistou-me desde o primeiro momento. Ao longo dos últimos quase oito anos, a atuação de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos somente reforçou a admiração que sinto por ele, ainda que eu esperasse dele um pouco mais em uma ou outra questão pontual. Agora, ao final do seu mandato, a forma como se propôs a conduzir a transição para o governo de alguém que, até outro dia, atacava-o de forma insana fez aumentar ainda mais a minha admiração por ele.
Eu tenho 40 anos e já vi uma quantidade razoável de políticos pelo mundo e, claro, no Brasil. Nenhum deles, porém, pareceu-me tão completo e tão próximo do que penso e do que eu gostaria de ser, caso fosse político, do que Barack Obama. Ele me parece alguém que consegue conjugar o lado bom das várias vertentes político-econômicas e sociais. É a síntese entre as virtudes da esquerda e da direita. Na questão comportamental, vejo que ele é um progressista, defendendo direitos de minorias e a evolução dos costumes. Na esfera econômica, consegue manter uma defesa da livre iniciativa tão cara aos americanos (e tão importante para o desenvolvimento de qualquer país), ao mesmo tempo em que entende que o capitalismo não pode ser deixado à solta, sem que se busquem políticas de inclusão social daqueles que nunca seriam vistos pelos barões do dinheiro como peças úteis no tabuleiro do mercado. Obama também é um pacifista e acredita no diálogo como método de resolução de conflitos, embora saiba que, em certos momentos, a força é necessária para que o diálogo volte a prevalecer. No plano pessoal, ele é elegante sem ser esse esnobe, é educado sem ser elitista. E, convenhamos, pouca gente tem uma oratória como a de Barack Obama. Ele fala muito bem, mas muito bem mesmo. Sem contar a simpatia, os pequenos gestos que mostram que ele é um cidadão comum e, ao mesmo tempo, fazem dele um líder totalmente diferenciado.
Políticos como Barack Obama são raros. Nunca vi nada parecido no Brasil e acredito que não verei enquanto eu ainda estiver vivo. Aliás, acredito que nem mesmo os americanos verão alguém como ele. A prova disso é a eleição do novo presidente daquele país, Donald Trump, de quem apenas podemos torcer para que seja banhado, em algum momento, pelo bom senso e pela moderação. Ainda que eu não veja outro Obama, ao menos posso dizer que o vi na presidência e que, ao menos uma vez na vida, um político me causou uma admiração profunda e me fez desejar ser como ele.
Alexandre Henry
24 de Dezembro de 2016 às 22:39
rererertert