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A coluna "Modo de Ver" foi publicada semanalmente no jornal Correio de Uberlândia de janeiro de 1996 a dezembro de 2016. A partir de 2017, os textos passaram a ser publicados no Diário do Comércio de Uberlândia.


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7 de Setembro de 2016 Alexandre Henry

A influência positiva da arte

A Branca de Neve foi salva pelo beijo de um príncipe. Se não fosse outro príncipe, Cinderela não teria se libertado das garras da madrasta malvada. E o que dizer da Chapeuzinho Vermelho? Só não morreu porque um bravo caçador chegou bem a tempo. Aliás, príncipe e caçador também foram os heróis na história da pobre Bela Adormecida.

Cresci com contos assim, nos quais havia uma mocinha bela e indefesa, que no final era salva por um heroico mocinho. O mundo, porém, mudou. Minha filha tem outras referências e eu fico absolutamente feliz por isso. Nas histórias às quais ela assiste, a mocinha continua sendo mocinha, mas sem nada de indefesa ou ingênua. Um exemplo bem interessante dessa nova realidade é o desenho "Frozen - Uma aventura congelante", da Disney. Quem protagoniza a história? As irmãs Elza e Anna. Já o príncipe é o vilão da história, sendo que o mocinho, chamado Kristoff, é um jovem de bom coração, mas sem qualquer aura de perfeição e com um papel relativamente secundário na trama. Outro desenho a que minha filha assiste é "Princesinha Sofia". Só vi um deles e, no que vi, Sofia entrava em uma corrida de cavalos alados só de meninos, mostrando que uma menina é capaz daquele feito.

O universo adolescente também mudou. As meninas da minha época se encantavam com Dirty Dancing, história centrada em uma mocinha que "quebrava" tabus da época para dançar com Patrick Swayze nas férias de verão. Hoje, o padrão de mocinha é a Katniss Everdeen, da série de filmes Jogos Vorazes: ela é a heroína que luta de igual para igual, mata quando é preciso, lidera uma rebelião e deixa para os rapazes um papel bem apagadinho.

Como pai de uma menina, eu fico feliz que a arte esteja mudando sua forma de interpretar o mundo, mostrando que a mulher não se resume àquela figura frágil que precisa de um homem para salvá-la. Se há algo que eu não desejo para a minha filha é crescer à sombra de um marido, repetindo aquele estereótipo de família com o homem sendo o chefe e provedor, enquanto à esposa resta segui-lo de forma cega e dependente. Nada disso! Chega de Bela Adormecida, Cinderela, Branca de Neve ou qualquer figura à qual só reste esperar o heroísmo de um príncipe. Que minha filha e todas as mulheres sejam mais Elza, Anna ou mesmo Katniss: independentes, corajosas e donas do próprio destino. Para isso, ela conta com o exemplo da mãe, que tem seu próprio trabalho e sua independência financeira, além de uma personalidade forte e antissubserviente. E conta, ainda bem, com um novo tempo nas artes, que passaram a mostrar a mulher exercendo papeis em pé de igualdade com os homens, como sempre deveria ter sido.  

Alexandre Henry

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