
18 anos de Modo de Ver
Na última segunda-feira, dia 20 de janeiro, este espaço comemorou 18 anos desde a primeira publicação. Foi no começo de 1996 que iniciei os textos semanais para o Jornal Correio, atividade que mantenho interruptamente desde então. Pelos meus cálculos, ainda este ano serão 1.000 textos escritos!
Não é fácil ter assunto toda semana, acredite em mim. Uma coisa é ter uma boa ideia, talvez duas ou três, para pequenas crônicas do cotidiano, como eu faço. Foi assim no começo comigo. A gente se anima a escrever e parece que não vai faltar assunto, mas aí o tempo passa, as semanas se sucedem e você começa a perceber que manter o pique não é fácil. Algo que me ajudou bastante naqueles primeiros anos foi uma conversa com o saudoso Luiz Fernando Quirino, pai do cartunista Maurício Ricardo. Certa vez, ele me disse que o cronista é um observador cuidadoso do que acontece à sua volta, dos pequenos detalhes que às vezes passam despercebidos pela maioria dos olhos. No dia em que escutei aquelas sábias palavras, percebi que os temas para as minhas colunas estavam à minha volta, aos milhares, bastando ter um pouco mais de atenção ao que estava acontecendo. Depois desse ensinamento, tudo ficou mais fácil, embora eventualmente eu ainda tenha alguns brancos na hora de escrever meu texto semanal.
Nesses 18 anos, aprendi também outras lições. A principal delas talvez seja a de que você não pode agradar a todos e não pode nem mesmo agradar sempre a mesma pessoa. Esperar que só apareçam elogios quando você escreve 1.000 textos é uma pretensão ingênua. Há quem goste mais do seu jeito de escrever, mas ainda assim essa pessoa vai ler alguns textos seus e torcer o nariz. E, claro, existem aqueles – cada vez em maior número – que não gostam do que você escreve e fazem uma crítica excessivamente agressiva. Isso é normal em um país democrático e todo mundo que expõe qualquer forma de pensamento deve estar pronto para receber críticas. Às vezes, elas podem te magoar, mas a maior parte delas, se bem recebida, ajuda na evolução do escritor. O mais legal não é criar um texto que só receba elogios ou que seja apedrejado por todos, mas um texto que provoque um debate construtivo, que mexa com as pessoas e as façam refletir. Quando consigo algo assim, sinto-me realizado.
É isso. Espero poder continuar escrevendo neste espaço por, pelo menos, o dobro do tempo que já se passou até aqui. A coluna Modo de Ver é parte essencial da minha vida, algo que eu faço com absoluto carinho e satisfação e cuja única retribuição que sempre espero ter é o retorno do leitor, seja para dizer que gostou do que escrevi ou para fazer sua crítica.
Alexandre Henry